Estamos de regresso com a primeira sessão da 5.ª temporada e trazemos três curtas sublimes na arte de contar histórias através do cinema.

Em “Na hora de pôr a mesa, éramos cinco”, Paulo A. M. Oliveira faz um retrato íntimo sobre a perda e a memória, com um olhar sensível sobre os laços que permanecem mesmo depois da partida. Com planos contínuos e a luz natural das velas, esta curta levanta uma questão universal: como continuar quando a ausência é o que fica?

“The Hunt”, de Diogo Costa, é uma animação sombria passada num cenário de guerra futurista. Uma experiência visual arrojada feita com técnicas de animação de guerrilha, onde soldados enfrentam não só horrores externos, mas também os fantasmas que carregam dentro de si.

Para a presença internacional, contamos com “Pieces”, de Klara Schmickler. Nesta curta seguimos duas jovens numa piscina noturna onde um episódio inesperado acende tensões mal resolvidas. A relação entre Elin e Alma mergulha numa zona de confronto emocional, entre o risco, o silêncio e a necessidade de romper.

Aproveitamos ainda o início da temporada para lançar o novo volume dos Novos Argumentos. Trata-se do quinto livro desta coleção que reúne obras de oito guionistas: João Canelo, António Borges Correia, Marina Schneider, Lourenço Vaz, Rita Andrade, Henrique Brazão, Rita Duque, Danilo Bastos Godoy.

Um livro, três filmes, três formas de olhar para o que nos transforma e para a beleza que pode surgir nos momentos de viragem. Juntem-se a nós para mais uma noite de cinema no Círculo (CCCV – P1), às 21h30 de 1 de agosto.

O DIA 1 DE AGOSTO: RESUMO

A onda de calor trouxe a 5.ª temporada do short/age! Bem resguardados pelo ar condicionado no Círculo (CCCV – P1), assistimos a três impressionantes filmes.

“The Hunt”, de Diogo Costa, é, como explicou, “uma metáfora para a ansiedade” que usa a máscara da guerra para se expressar. O realizador tirou proveito da sua experiência em animação, enquanto concept designer e art director no universo dos jogos, para criar um filme capaz de rivalizar com qualquer produção de orçamento hollywoodesco. Um feito técnico de louvar e uma curta de fazer tremer.

Com “Na hora de pôr a mesa, éramos cinco”, Paulo A. M. Oliveira emprestou a sua linguagem, tipicamente associada ao terror, à poesia de José Luís Peixoto. O resultado não foi fácil de alcançar, como nos contou, com vários percalços na rodagem, mas as velas de Fátima foram a solução para alguns dos problemas — e o resultado está à vista. Uma curta-metragem com coração, aparentemente triste, mas que nos arranca um sorriso.

Como se não bastasse a presença dos dois realizadores, tivemos ainda o prazer de acolher Lourenço Vaz, também ele realizador, mas que desta vez esteve em Viseu na sua pele de argumentista, publicado no quinto volume dos Novos Argumentos, ajudou-nos no lançamento deste volume.

Quanto aos filmes, a sessão terminou com “Pieces”, de Klara Schmickler, que nos trouxe uma curta, mas generosa, introdução à sua obra.

Boa disposição, sala esgotada e filmes à altura. Não podíamos ter recomeçado melhor.