Na próxima sexta-feira, regressamos à exibição de curtas em competição com três obras intrigantes e três convidados presentes: os realizadores Ricardo Leite e Renato Dias e ainda o ator Tiago Aldeia.

Ricardo Leite traz ao short/age a curta “2020: Odisseia no 3.º esquerdo”. Nela conhecemos Francisco, uma criança que como muitos de nós se viu confinada às quatro paredes da sua casa. Apesar de não perceber porque é que não pode estar com o seu melhor amigo, a sua imaginação permite-lhe continuar a brincar num universo que o espetador e convidado a partilhar.

“Homo Verum”, a obra de Renato Dias que conta com Tiago Aldeia como protagonista, é uma curta-metragem que parte da reflexão: “a história da humanidade é, em última análise, uma luta incessante contra a nossa condição frágil”. Algo ambígua e surrealista, esta obra, intencionalmente, não ilumina alguns dos seus recantos mais obscuros, esses, fica à responsabilidade do espetador iluminá-los.

A sessão fecha, como tem sido habitual, com uma obra estrangeira. Desta feita, chega-nos do Reino Unido a curta-metragem “Two Lone Robots” de Zóe Henriques, uma história sobre solidão e sobrevivência onde dois robôs solitários são obrigados a tomar uma decisão difícil com o pouco tempo que lhes resta.

Cinema na companhia e conversa com quem o cria, para assistir sexta-feira, dia 9 de fevereiro, às 21h30 na Incubadora do Centro Histórico.

O DIA 9 DE FEVEREIRO: RESUMO

Numa sala cheia de um público atento e entusiasmado, nada mais se pode pedir. Essas são duas das características essenciais para desfrutar do trabalho que Ricardo Leite nos trouxe “2020 – Odisseia no 3º Esquerdo”, uma obra sobre o poder da imaginação. No filme, o protagonista é uma criança, e ao seu colo, enquanto Ricardo nos falava estava também uma criança, o seu filho bem mais pequeno – 2 meses – que viveu a sua primeira experiência cinematográfica de forma exemplar. Já para os restantes, ficámos familiarizados com as artimanhas de fazer um belo filme sem uma imensidão de recursos, como espaços pequenos podem proporcionar grandes histórias, e paixões fulminantes potenciam atores maravilhosos.

Seguiu-se “Homo Verum”, o primeiro filme do viseense Renato Dias que há cinco anos vive em Inglaterra e que esteve connosco para apresentar o trabalho. O seu regresso foi acolhido com uma extensa ovação e até assobios. Ao seu lado esteve Tiago Aldeia, um dos protagonistas da curta, e um rosto reconhecido por muitos portugueses. Com eles revelou-se a arte de revelar pouco; discutiram-se referências que inspiraram a obra e como se prepara um ator para uma curta; até tempo para uma pequena lição de latim houve.

A sessão encerrou com “Two Lone Robots”, uma obra do luso-britânico Zoé Henriques que nos traz o dilema de dois robots num mundo solitário. Neste curta, para entendermos os diálogos somos forçados a recorrer às legendas, afinal a língua destes seres mecanizados não é humana. Curiosamente, um recurso que podia afastar-nos destas personagens só nos aproxima mais e, no fim, partilhamos os mesmos sentimentos.Uma noite de cinema que nos uniu de mais que uma forma.