Nesta sessão revisitamos os lugares de infância e confrontamos a memória com os filmes dos realizadores presentes, Olívia Guerra e Gonçalo Robalo.

A realizadora, com o documentário “Cristina”, parte de filmagens antigas e dos textos de um diário para nos mostrar a dicotomia entre a leveza e alegria das celebrações familiares com o peso e a tristeza que acontece em privado. Um retrato despido de pretensões que navega o espetador pelos sentimentos complexos de uma criança.
Gonçalo Robalo, em “Os Vivos”, dá-nos a conhecer Pedro. Nesta história que também escreve e produz, o realizador, lentamente, levanta o véu sobre alguns dos segredos que se guardam na casa de infância. Uma obra intrigante, que seduz e segura a nossa atenção.

Terminamos a sessão com “Cleaner” o primeiro filme do realizador irlandês Edwin Mullane que se versa sobre a complexidade da vivência feminina depois dos 40. Uma inquietante reflexão sobre a necessidade transversal de relação, até onde isso pode levar alguns no sentido de salvaguardar a sua solidão, outros que só a querem evitar e o espaço essencial que os separa.

O DIA 2 DE DEZEMBRO: RESUMO

Numa noite capaz de nos congelar a ponta dos dedos, encontrámos conforto no interior da Incubadora e nos filmes desta sessão.

Os trabalhos de Olívia Guerra e Gonçalo Robalo exploram a memória de forma diferente. A primeira recorre ao seu arquivo de infância – registos de vídeo captados pelo pai e o seu diário de criança – para relatar duas perspetivas bastante distinta sobre a mesma vivência. É uma curta-metragem de contrastes que dançam entre si, um trabalho belo, frágil e com certeza um exercício de catarse que permitiu à Olívia dialogar com Cristina.
“Os Vivos” é uma ficção que acompanha a visita de um homem à sua casa de infância e às memórias que guarda daquele lugar e da sua família. Como nos explicou Gonçalo Robalo, este é um trabalho que demorou anos a ser terminado. Começou em 2011, foi sendo filmado, montado e remontado e ainda hoje vai sofrendo pequenas alterações. Tudo para que possa estar “no ponto”, para que envolva o espetador e o convide à mesma contemplação que a personagem vive.

A sessão fechou com “Cleaner” um filme de Edwin Mullane em que assistimos à faísca de uma paixão entre as duas protagonistas. As experiências e expetativas de cada uma levam-nas num caminho breve e, talvez, inesperado.