O short/age – Shortfilms for a New Age continua a sua segunda temporada com três filmes à primeira vista bem diferentes, mas com um fio condutor intrigante. Cada um deles oferece-nos um olhar sobre diferentes aspetos do que é ser humano.

Em “Equação Divina”, um filme realizado por Ricardo Machado, conhecemos o 107º Adão, protagonizado por João Craveiro. Nesta curta explora-se a própria criação da humanidade e como nem o poder sagrado é infalível. Depois, Mário Gajo de Carvalho dá-nos “O Rapaz e a Coruja”, uma curta-metragem de animação que nos ensina a observar, amar e deixar partir. Um belo trabalho, criado a partir das ilustrações de Pedro Ferreira e que se conta sem recurso a narração ou diálogos. A voz, essa, fica a cargo da narrativa visual e de uma sublime orquestração. Por fim, em “Marianne” olhamos para o lado trágico de um ato heróico. Uma observação do realizador francês Julien Gaspar-Oliveri que nos leva a apreciar os gestos que qualquer um faria, mas poucos se atrevem a fazer.

Esta sessão terá lugar na Incubadora do Centro Histórico de Viseu, dia 23 de Setembro pelas 22h00, e conta com a presença dos dois realizadores portugueses, Ricardo Machado e Mário Gajo de Carvalho, que terão a oportunidade de dar a conhecer as facetas escondidas dos seus trabalhos levantando o véu ao processo de criação.

O DIA 23 DE SETEMBRO: RESUMO

Quatro dezenas de pessoas assistiram à vigésima terceira sessão do short/age – Shortfilms for a New Age. A obra realizada por Ricardo Machado, “Equação Divina”, apresentou-nos outra hipótese para a criação do universo, como discutiríamos com o próprio realizador. Além das questões metafísicas, naturais sempre que nos questionamos sobre a origem do mundo, houve também espaço para discutir a diferença entre efeitos visuais e especiais e outros contos mais corriqueiros que surgem da produção de um filme, como ficar com uma carrinha atascada na praia.

O segundo momento de conversa deu-se com Mário Gajo de Carvalho, depois de vermos o seu filme “O Rapaz e a Coruja”. Esta fábula de animação demorou cerca de cinco anos a concretizar e esconde muitos segredos de produção e criação que o realizador gentilmente partilhou com o público, desde como misturou a técnica manual – que envolvia usar uma tinta à base de óleo com cádmio (uma substância venenosa) – com a animação digital; explicou ainda a razão para uma banda sonora discreta, que não era o seu plano inicial, mas sim uma consequência de vários anos à procura da licença da música que pretendia, só para perceber que funcionava bem se ela.

A sessão finalizou com a exibição de “Marianne” de Julien Gaspar-Oliveri. Esta curta-metragem chegou-nos de França e contou-nos a história de uma mulher que, pelo seu ato heróico, é entrevistada para um artigo. No entanto, ficamos a perceber que a salvação de uns pode ser o trauma de outros.