Vésperas
um argumento de
Sónia Barbosa
trilha sonora de
Luís Antero
ilustrado por
Carolina Celas
Numa aldeia afastada do mundo, uma mulher luta para salvar o seu filho de uma ameaça invisível.
Escutar com headphones
1. INT. COZINHA – DIA
Uma longínqua aldeia rural do concelho de Viseu. Início dos anos 60 do séc. XX. Uma cozinha pequena e escura, pobre. Uma só janela. Uma lareira/fogueira, encostada a uma das paredes da cozinha, onde se colocam panelas de ferro fundido em cima de tripés, para cozinhar. A lareira está acesa. Uma mesa pequena encostada a outra parede da cozinha. A porta, que dá para fora para o terreiro, está aberta. É manhã cedo, entram dois raios de luz oblíqua pela porta, que se desenham nitidamente no ar da cozinha. A MARIA DO CÉU (4 ou 5 anos) está sentada à mesa a sorver leite duma malga de barro com buchas de pão lá dentro. Começa a ouvir-se o choro de CARLOS, o seu irmão de cerca de 1 ano, que vem de outra divisão. Muito alto, muito aflito, durante muito tempo. A menina vai olhando na direcção do choro, assustada e interrogativa. Ouve-se a voz da mãe, PALMIRA (27 anos), que tenta acalmar o bebé.
PALMIRA (O.S.)
Shhhh, shhhhh, shhhhh, shhhhh.
Pronto, pronto, pronto.
Já passou, já passou, já passou.
Palmira entra na cozinha, vinda de uma divisão interior da casa, com o bebé no colo, a tentar acalmá-lo sem sucesso. Ao passar pela filha:
PALMIRA
Bebe o leite todo, filha.
Sai com o bebé para o terreiro. Continua o choro da criança, muito aflitivo, quase assustador. Maria do Céu inclina-se para o lado na cadeira para espreitar a mãe lá fora. Continua a beber o leite, fazendo cada vez mais barulho à medida que o leite é menos. Depois pega numa colher e empurra as buchas de pão molhadas no leite para a boca, inclinando a malga. Ouve-se ainda a mãe lá fora a acalmar o bebé.
PALMIRA
Pronto, pronto, já passou.
Cala-te, vá! Então, então?
O que é isso? O que é isso?
Vamos lá. Cala-te, está tudo bem.
O que é que tu tens?
Pronto, pronto.
Shhhhh, shhhhhhh, shhhhhhh.
Maria do Céu levanta-se e encosta-se à ombreira da porta a olhar para fora.
2. EXT./INT. COZINHA/TERREIRO – DIA.
Vemos do ponto de vista da menina, como se estivéssemos a olhar atrás dela. Maria do Céu olha para a mãe com o bebé no colo que passeia de um lado para o outro, tentando acalmar a criança. O terreiro é um espaço em frente à casa, tem do outro lado, uma construção pequena – a casa de banho, e, encostadas a um muro rústico, umas construções baixas de madeira, que são compartimentos para criar coelhos. Num socalco acima começam os terrenos de cultivo da casa. Ao fundo do terreiro uma casota de cimento com um cão grande, castanho, preso por uma corrente. O cão ladra de vez em quando. Palmira continua a falar para acalmar o bebé, cada vez mais aflita.
PALMIRA
Anda lá, cala-te, cala-te.
Eu não sei o que é que tu tens.
O que é que tu tens?
O que é que tu tens?
Shhhhhh, shhhhh, shhhhh.
(chamando muito alto)
Ó Deolinda! Ó Deolinda!
Ouve-se uma voz ao longe a responder, é DEOLINDA, a irmã:
DEOLINDA
UUUUUHHH! Que é?
Outra vez o pequeno?
Traz-mo cá!
Palmira, levando a criança na direção da voz, passa pela filha.
PALMIRA
Fica aí quietinha que eu já venho.
Vou ali à tia Deolinda.
A filha caminha até ao cão, que ladra de alegria ao vê-la aproximar-se, aninha-se ao pé dele a fazer-lhe festas. O cão está feliz e a menina também.
3. INT. QUARTO – DIA
Estamos em casa da DEOLINDA. Um quarto pequeno que serve de quarto de costura e também de dormir. Máquina de costura antiga com uma cadeira, virada para a única janela do quarto. Ao lado, um amontoado de peças de roupa para arranjos. Uma caminha estreita encostada à parede. Paredes de madeira. Pela janela entra a luz do fim de tarde e vê-se parte dos campos de cultivo. PALMIRA está sentada na cama, cotovelos apoiados nos joelhos, cabeça entre as mãos. DEOLINDA (31 anos) está sentada na cadeira da máquina de costura virada para a irmã, tem uma perna enfaixada com ligaduras, e uma bengala encostada a uma parede. Palmira chora baixinho.
DEOLINDA
Tens que levar o menino
a algum lado.
PALMIRA
O médico diz que é normal,
as crianças choram…
pode ser os dentes.
DEOLINDA
Oh! O médico sabe lá!
Tens de o levar a outro sítio.
PALMIRA
O David não quer, diz para
me deixar dessas coisas,
que o menino não tem nada.
Mas eu já não sei o que
fazer, Deolinda.
DEOLINDA
O David está fora, ele sabe lá.
Se ele visse o que tens passado…
Isto não é normal, passa-se
alguma coisa com o menino.
A maneira como ele chora
não é normal. E olha que
eu não sou destas coisas.
O Padre Oliveira diz que
isso dos encostos é tudo
superstições, que não nos
devemos deixar cair em tentação.
Mas olha que eu, se fosse a ti,
falava com a Zeferina, a do Balazar.
Ela parece que conhece
uma médium, ou coisa assim, lá em
Viseu… Olha que ainda ficas sem o
menino, já viste o que ele tem emagrecido?
Palmira continua a soluçar baixinho. A Irmã afaga-lhe a cabeça.
4. EXT. TERREIRO – DIA
No terreiro da casa de Palmira. Uma manta de trapos encostada a uma parede da casa, com almofadas à volta do bebé Carlos que está sentado na manta, com alguns objectos para brincar: latas, novelos, pauzinhos, bola de trapos… O bebé está sereno, brinca. Palmira está a descascar feijões (ou outra tarefa doméstica ligada à lavoura), sentada ao pé de Carlos, num banquinho de madeira, a cantarolar uma canção tradicional antiga. Maria do Céu rabisca com um pau comprido desenhos no chão de terra do terreiro.
MARIA DO CÉU
Olha mãe! Somos nós!
PALMIRA
Ah, filha, muito bem.
Palmira aponta para os desenhos no chão.
PALMIRA (CONT’D)
Esta sou eu, este é o pai,
esta és tu, e este é o teu irmão,
não é? E esta muito grande com
a cabeça muito grande?
É a tia Deolinda?
MARIA DO CÉU
Este é o homem que anda
sempre ao lado do meu irmão.
PALMIRA
Que homem, filha? O pai?
MARIA DO CÉU
Não, mãe, aquele muito
grande que o põe a chorar.
PALMIRA
Maria do Céu, não digas asneiras.
Eu nunca vi homem nenhum grande
ao lado do teu irmão.
A filha risca por cima do desenho com o pau. O cão ladra ao sentir perigo. O bebé começa a chorar.
5. EXT. CASA DE PALMIRA – NOITE
O exterior da casa de Palmira, com uma janela iluminada. O plano começa próximo da janela, do lado de fora, e vai-se afastando progressivamente, e subindo até enquadrar toda a casa, a paisagem à volta e o céu noturno. Através da janela
vemos o quarto de dormir da família: uma cama de casal encostada à parede, um berço de bebé, uma cómoda e uma cadeira. Numa parede uma imagem religiosa – pode ser uma imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus ao colo. DAVID, (29 anos) o marido, está sentado na cama, a filha Maria do Céu, está encostada a ele, meia encolhida na cama. Os dois olham para Palmira que está em pé, com o bebé no colo, caminhando para trás e para a frente, para o tentar acalmar. O bebé chora, grita, esperneia. É um choro desesperante, aflitivo, angustiante. O olhar de David é atónito e assustado. Maria do Céu olha para a mãe com o bebé, e depois para o pai a perceber a reacção dele. O choro não acalma. O plano vai-se afastando. O céu noturno tem algo de estranho (pode ser a cor da lua, a forma das nuvens…).
6. INT. COZINHA – DIA
A família toma o pequeno-almoço na mesa da cozinha. Silêncio pesado. Todos têm um ar pesado e desgastado. Carlos, o bebé, especialmente, está magro, com ar doente. Palmira tem o bebé no colo, que está silencioso e letárgico. A filha come o seu leite com buchas de pão. A lareira está apagada. Não se veem as faixas de luz oblíqua da primeira cena. O marido bebe o seu leite com cevada. Depois de um silêncio pesado.
DAVID
Tens de levar o menino
a algum lado. Isto não é normal.
Palmira olha-o interrogativamente. Silêncio.
DAVID
O raio do médico sabe
lá o que diz. Quais dentes!
O miúdo parece que está possesso,
parece que o estão a matar…
coitada da criança, dá dó vê-lo.
Se continuamos assim, mais um mês
e ele vai-se.
David tira dinheiro do bolso.
DAVID (CONT’D)
Pega lá este dinheiro e leva
a criança a algum sítio e depressa!
A filha sorve o leite com barulho, inclinando a cabeça para trás, enquanto observa a mãe e o pai, meio escondida atrás da malga.
7. INT. COZINHA – DIA
Palmira está sentada à mesa da cozinha com a vizinha, ZEFERINA (38 anos), uma mulher mais velha, com lenço a cobrir o cabelo, vestida de escuro. Palmira tem o bebé no colo.
ZEFERINA
Quando é que começou?
PALMIRA
Há mais de um mês.
A primeira vez que eu dei
conta que não era um choro
normal foi num dia ao fim
da tarde, à hora das Vésperas.
Lembro-me que os sinos estavam
a tocar, foi uma coisa assim
de repente, como se o tivessem
abanado todo e lhe tivessem
tirado o ar, e de repente
desatou a berrar muito alto,
e só o consegui acalmar
passado uma hora, e ele
coitadinho, desfeitinho
de cansaço. O meu menino
está-se a ir embora à minha
frente, e eu sinto que lhe
estão a fazer mal. Ele tenta
defender-se, pobrezinho, mas
não consegue. Ele é só um bebé,
é só um bebé…
Palmira chora.
ZEFERINA
Isto não está nada famoso.
Só espero que não seja tarde
de mais. Vou ter de levar uma
camisinha de dentro do menino e uma
madeixa de cabelo. Amanhã vou a
Viseu e ela de certeza que me vai
receber. Quando voltar venho
logo ter contigo.
8. EXT. CAMPO DE CULTIVO – DIA
Maria do Céu está no meio de uma plantação de ervilhas, plantas altas com muita folhagem. Ela está a abrir a vagens da ervilha e a comer as ervilhas tenras e verdes, às escondidas. Está num socalco acima do nível da casa e do terreiro, de onde se vê a casa. Espreita através da folhagem e vê a vizinha a sair pela porta da cozinha, com um embrulho debaixo do braço.
9. EXT. CAMINHO – DIA
Zeferina segue caminho abaixo. A casa de Palmira fica num ponto alto da povoação. Ouvimo-la fazer uma reza baixinho, entre dentes. Começam a tocar os sinos para as Vésperas. O bebé começa a chorar. O plano afasta-se, sobe fazendo uma vista geral sobre a aldeia, do ponto de vista oposto à vista noturna que vimos na cena anterior. Vemos a aldeia, a igreja, os campos. Os sinos tocam, o bebé grita muito alto. É a hora do pôr-do-sol.
10. INT. COZINHA – DIA
Palmira com o bebé ao colo e a Vizinha de novo sentadas na cozinha. Maria do Céu está sentada num banquinho baixo perto da lareira apagada, a brincar com um boneco. Vai olhando para as duas mulheres.
ZEFERINA
Foi um encosto que lhe pegou,
à hora das Vésperas, que é a
hora mais perigosa. Quando os
espíritos têm mais força e andam
à procura dos que têm o corpo
aberto. O teu filho tem o corpo aberto,
vai ser sempre sensível
a estas coisas. Um espírito
encostou-se a ele, é um espírito
forte e está muito revoltado e
vai-se apoderando do teu menino,
aos poucos e poucos. Mas ainda não
é tarde demais. Vais fazer como
ela me disse: durante três dias,
ao meio-dia certo, vais banhar o
menino, em pé numa bacia com água
morna e esta água benta que te
trouxe. Sempre de cima para baixo,
nunca de baixo para cima, o banho
tem de durar um quarto de hora
e, enquanto o banhas, dizes esta
oração que te vou deixar. Depois
dos três dias, na noite de quarta
para quinta ou de quinta para sexta
– há-de ser uma dessas noites –
vais ouvir e sentir coisas muito
estranhas aqui em tua casa, durante
a noite. Hão-de ser barulhos,
gemidos, não sei bem, alguma coisa
se vai manifestar. Tu ficas com os
teus filhos no quarto, fechas a
porta, rezas e não sais de lá, não
fazes nada, ouviste? O teu marido
está cá esta semana?
PALMIRA acena que não com a cabeça.
ZEFERINA
Tens de ter coragem e muita fé.
Depois disso, se tudo correr bem,
vais começar a ver melhorias
no menino.
11. INT. COZINHA – DIA
Palmira dá o banho recomendado ao bebé Carlos, em pé numa bacia, em frente à lareira que está acesa, lavando-o delicadamente com um pano de cima para baixo. Maria do Céu está sentada numa cadeira a observar com muita atenção. A Mulher diz a oração indicada, fala baixo mas de forma audível.
PALMIRA
Louvado seja Nosso Senhor
Jesus Cristo. Para sempre seja
louvado. Em minha aflição,
clamei ao Senhor e fui ouvida.
Deus dos Anjos, Deus dos Arcanjos,
Deus dos Profetas, Deus dos
Mártires, Deus das Virgens e
de todos aqueles que andam
pelo caminho do Senhor.
Deus e Pai Nosso Senhor
Jesus Cristo, eu Vos invoco,
invoco o Vosso Santo Nome,
humildemente Vos suplico e
rogo a Vossa Majestade que
venha em meu socorro contra
este mau espírito, a fim de
que ouvindo o Vosso Nome, ele
se vá embora e se afaste de
qualquer lugar, onde eu estiver.
Bem-aventurado Arcanjo São Miguel,
que vencestes em batalha o negro
dragão, príncipe das trevas,
chefe dos espíritos rebelados
contra Deus, vinde em meu auxílio.
Ó Maria, concebida sem pecado,
rogai por nós, que recorremos a Vós.
Ó Maria, concebida sem pecado,
rogai por nós, que recorremos a Vós.
Ó Maria, concebida sem pecado,
rogai por nós, que recorremos a Vós.
12. INT. QUARTO – NOITE
Palmira dorme na cama com a filha. O bebé dorme no berço. O quarto está escuro mas entra alguma luminosidade pela janela. Ouve-se um barulho como se fosse algo a bater no tecto do quarto, um golpe seco. O barulho repete-se, agora seguido de um arrastar, vindo de algum lugar da casa – o sótão, outro quarto, a cozinha… Maria do Céu, a filha, acorda. Ouve atentamente no escuro de olhos muito abertos. Mais barulhos. A menina olha fixamente para um ponto no tecto – não está lá nada. Palmira acorda, acende a luz. O bebé ainda dorme. Os barulhos vão aumentando de intensidade: parecem coisas a bater, martelos a bater na parede, coisas pesadas a serem arrastadas, gemidos, grunhidos, etc. A Mulher agarra na filha ao colo, desce da cama e ajoelha-se à frente da imagem na parede, e começa a rezar a Ave Maria, muito perturbada, com a filha no colo. Vemos as duas de trás das costas da mãe, vendo a face da menina encostada ao ombro da mãe, e os seus braços que a abraçam. Maria do Céu continua a olhar para o mesmo ponto no tecto enquanto afaga as costas da mãe com as mãos, olhar decidido e seguro. O bebé continua a dormir. Os barulhos continuam. A mãe reza.
13. INT. QUARTO/COZINHA – DIA
Na manhã seguinte, no quarto de dormir, Palmira e Maria do Céu dormem, atravessadas na cama, que está com os lençóis e cobertas muito remexidas. O bebé Carlos dorme no berço e parece ter um ar mais sereno, mais rosado. Maria do Céu acorda. Levanta-se da cama sem fazer barulho, cuidadosamente. Abre a porta do quarto que dá para a cozinha. Observa através da porta entreaberta. Está tudo calmo, tudo no seu lugar como se nada tivesse acontecido durante a noite. As duas linhas de luz matinal desenham-se no ar vindas das frinchas da velha porta que dá para o terreiro. A menina entra na cozinha, senta-se na sua cadeira à mesa. Olha para os raios de luz, com a cabeça encostada à mão, com o cotovelo apoiado na mesa. Um leve sorriso, talvez.
14.EXT. TERREIRO – DIA
No terreiro da casa, a manta de retalhos no chão junto à parede da casa, com almofadas, cobertas, brinquedos. É fim de tarde. O bebé está na manta sentado, brinca. Está mais gordinho, com ar saudável e feliz, faz sons de bebé, risos. Palmira e Deolinda estão sentadas em banquinhos de madeira a descascar feijões (ou algo do género) ao lado da manta no chão. Deolinda continua com a perna enfaixada em ligaduras, e a bengala está ao seu lado no chão. Maria do Céu está junto ao cão grande, faz-lhe festas, brinca com ele.
DEOLINDA
(olhando para o bebé, a sorrir)
Olha como ele medrou.
Graças a Deus.
Em boa hora lá foste.
PALMIRA
(suspira)
Nem sei o que te diga.
Eu nunca acreditei nestas
coisas e nem queria lá ir,
mas olha só para ele agora…
fosse lá o que fosse, o que
eu sei é que estive quase
a perdê-lo… meu Deus, parece
que vivia num pesadelo.
Se era encosto ou não, não sei,
mas o meu menino voltou a ter paz,
e isso é a única coisa que
me importa… graças a Deus,
graças a Deus.
Silêncio. As mulheres trabalham.
PALMIRA
E a tua perna, não há melhorias?
DEOLINDA
Oh! Que melhorias queres
que haja? Já sabemos que isto
é para toda a vida; às vezes
melhora, outras piora, conforme.
São as sequelas da doença.
Não há nada a fazer. Vou ser
“a manca” toda a vida. É o meu
destino. Casar e ter filhos
não é para mim.
Também já estou velha.
PALMIRA
Nunca se sabe, Deolinda.
Deus escreve certo por
linhas tortas.
DEOLINDA
(sorri)
Lá isso é verdade.
E vou-te ajudando a criar os teus.
Deolinda olha para a menina que brinca com o cão.
DEOLINDA (CONT’D)
A tua pequena está tão engraçada.
Tem qualquer coisa aquela menina,
tem qualquer coisa de especial.
15. EXT. TERREIRO – DIA
Plano aproximado de Maria do Céu e do cão. Brincam, felizes, os dois. A menina diz algo ao ouvido do cão, como se sussurrasse um segredo.
FADE PARA NEGRO
Ouvem-se ainda os risos da menina e os sons do cão a brincar.
FIM